Afinação da Bateria Parte 7 – Peles

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Afinação de bateria - Peles; Tipos de Pele para bateria e percussão.

Este creio eu, pelo que tanto me relatam, seja o maior problema dentre todos os bateristas, e por quê?!

Por ignorância! mas não do modo pejorativo e sim por não terem conhecimento suficiente e acharem que todos os problemas se concentram nelas, nas peles!

Por isso deixei ela por último, ou ao menos quase último rsrsr!

Com todas as informações aqui já passadas, vossas senhorias já serão capazes de entender que afinação quando entendido sua complexidade, acaba se tornando fácil (frase meio besta essa, mas é a realidade!)

Se você sabe o tambor que tem, como ele soa, tipo da borda, o estado dos seus aros, canoas e parafusos e sabe como você toca ao instrumento, usa uma baqueta adequada ao som que procura, a pele será somente a cereja do bolo! É algo que você vai definir com extrema naturalidade, mas na teoria a prática é outra, então por hora vamos ficar na teoria, que já vai lhe ajudar muito na prática.

Uma Breve História…

Desde antes de Cristo os instrumentos de percussão já existiam nas festas e cantos das tribos, na Idade média eram um combustível importantíssimo frente aos soldados onde aquele poderia ser seu último dia de vida, marchavam ao som de tambores bradando palavras de ordem sobre seus estandartes a fim de amedrontar o exército inimigo.

Até o início do séc. XX as peles para percussão eram de couro animal, presas com cordas e cipós, não eram capazes de segurar por muito tempo, quando expostas às intempéries do tempo como sol e frio, necessitavam ser afinadas de maneiras diferentes, tinham uma sonoridade fechada e extremamente graves. O que diria se a pele do animal viria a servir para tão honrosa função seria a forma com que o mesmo era limpo e curtido com óleos, sal e sol, e se o mesmo não tinha feridas ao coro que pudessem diminuir sua durabilidade.  

 

Nos Dias de Hoje…

ainda se usa o couro animal, como pele para instrumentos, principalmente de percussão
ainda mais quando estes são usados em rituais religiosos como na umbanda, candomblé ou como proliferação cultural como os ritos de congado, ou um bom forró pé de serra com uma zabumba feita à mão.

A partir do século XX com a evolução da música, a criação da bateria e o uso mais contínuo da mesma, os problemas com afinação se agravavam ainda mais e a indústria enxergou o imenso mercado que poderia desenvolver, aí deu-se início à fabricação de peles para bateria e percussão sintéticas, capazes de ter uma durabilidade às vezes até maior que um couro mal curtido, não sofreriam as oscilações do tempo com tanta perceptividade ao ouvido humano, eram mais fáceis de afinar, mais leves e trariam mais “cor e vida” aos tambores.
Existem várias formas de se classificar as peles para bateria e percussão, sejam elas por textura, brilho, peso e etc… Não existe uma maneira correta ou mais exata, existe sim a maneira que você consegue entender.

Vou colocar aqui a maneira cuja qual acho mais fácil de se assimilar classificando-as por tipo. Seguindo esta linha de raciocínio podemos classificá-las como:

  • Pele Leitosa:

Peles que podem ter espessura fina ou grossa são brancas (como leite – rsrs) e no geral tem um som rico em overtones (harmônicos agudos) com decay médio, peles que marcam muito fácil e com uma vida útil relativamente baixa, mais comum hoje em dia em instrumentos de percussão.

  • Pele Porosa Mono-Filme:

Peles mais cálidas, com brilho, porém tem tendências ao médio agudo, decay de média duração, destacam bem o som da baqueta, não possuem abafamento.

  • Pele Porosa Duplo-Filme:

Uma pele mais melodiosa com um som mais “gordo” se comparado as porosas mono-filme, tem menos presença de baqueta e um sustain maior tem uma tendência maior aos overtones, (a pele da foto é uma Aquarian modelo Response 2-Black).

  • Pele Transparente Mono-filme:

Peles com muito brilho e volume, boa definição de baqueta e com muito ataque podem ou não possuir um anel de abafamento,  são as peles que normalmente (não via de regra) acompanham  a bateria quando você compra um instrumento novo na loja, também é mais habitual usarmos elas como resposta nos tambores (pele de baixo).

  • Pele Transparente Duplo-Filme:

peles com muito brilho, não tem tanta definição de baqueta quanto as mono-filme, porém possuem muito corpo e sustain, podem conter ou não, anel de abafamento interno ou externo tendência à overtones (harmônicos agudos). Estas peles são as mais vendidas no brasil e quase sempre confundidas com as hidráulicas por possuírem uma espécie de líquido entre esses dois filmes, creio eu hoje seja o grupo de peles onde se encontra o maior número de variedades no mercado, tem uma abrangência à vários estilos e uma boa durabilidade.

  • Pele Hidráulica:

São as peles mais “fechadas” que existem em matéria de som, são dois filmes grossos com uma espécie de óleo entre elas.  Não possuem sustain próprios, mas aguentam altas afinações e dependendo da borda do tambor conseguem sustentar o som por mais tempo, hoje existem muitos poucos modelos de peles hidráulicas, a Evans Hidraulic Blue, Red e as Remos Power Stroke 4 são as mais conhecidas.

  • Pele Vintage:

São as peles com uma característica bem especifica com som bem encorpado e que respondem muito bem a afinações altas como era de costume nos anos 50 e 60, dentre os modelos existentes o que mais se popularizou foi o modelo da REMO chamado de Fiberskyn, pele está mono filme, que conta com uma dose extra de polyspun, uma especie de plastico que é colocado de forma não linear, com o proposito de simular o que seria o couro animal, por serem mono filme e por terem uma construção um pouco diferenciada, acabam perdendo a sonoridade rápido de mais quando usada fora do seu proposito, além de serem peles que exigem uma certa experiência para afinar por gerarem muitos harmônicos. Hoje com a tecnologia que temos disponível, outras marcas também possuem seus modelos Vintage  como a Aquarian e a Evans .

  • Pele Resposta:

No geral respeitam as mesmas regras que as citadas acimas, no entanto são peles mais finas, geralmente mono-filmes elas ditam o quanto um tambor vai “soar” se terá mais sustain ou menos, se no seu decay penderá (respeitando a fisiologia do tambor) mais para o agudo ou grave, quanto mais fina a pele mais harmônicos ela terá, no entanto quanto mais grossa, mais ela retém frequências, em tese elas precisam de mais atenção ao afinar pois se mal afinadas podem gerar mais overtones que as finas, precisamos literalmente extrair o som delas, baterias com micro afinação nessas horas ajudam muito embora sem prática, será preciso mais tempo e paciência para achar o ponto certo de cada pele.  

Bom pessoal, neste artigo espero ter elucidado e ajudado vocês a entenderem um pouco mais do mundo das peles para bateria e percussão.

Com isso finalizamos a parte dos tambores e no próximo artigo falaremos dos pratos!

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Então, até o próximo artigo!

Bumbo no Rim e Caixa no Zoio!

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