Afinação da Bateria Parte 6 – Baquetas

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Tudo que você precisa saber sobre baquetas para bateria e percussão

A maior arma que um baterista pode ter é sua técnica e técnica nada mais é que entender o que se estuda aliada a sua paixão e seu amor pela música, a primeira parte que reflete isso é nosso corpo, depois temos o nosso primeiro dissipador no caso da bateria seriam as baquetas e é sobre elas que vamos falar agora.

A baqueta influencia e muito na afinação e no timbre de nosso instrumento, ela é responsável por abranger uma gama infinita e inimagináveis de sons que podemos obter deste instrumento. Ela é o reflexo do nosso estudo e técnica bem aplicados ou simplesmente da vontade e da paixão que impomos sobre o instrumento.

Ela nas suas mais variadas vertentes, formas e tamanhos é o primeiro ponto de ataque para criação do som (ENVELOPE DINÂMICO) E se o corpo fala, acredite, a sua baqueta também! e como diz o técnico TITE do meu Coringão “FALA MUITOOOO”

Entendendo sua Fisiologia:

Primeiro de tudo hoje em dia devemos esquecer muita coisa que até o final dos anos 90 eram levadas à risca.

A tecnologia se desenvolveu em todos os pontos da música inclusive em: palhetas, baquetas, peles e cordas…

Nada escapou ao arrebate tecnológico que estamos sofrendo desde a segunda guerra mundial e muito mais forte e aparente da metade dos anos 90 para cá, quando as politicas de importação no Brasil s tornaram mais brandas…

Hoje existem vários tipos de baquetas, cada fabricante às classificam da maneira que acredita ser da mais adequada dentro da sua visão técnica e mercadológica, mas as baquetas envolvem, assim como toda a bateria, muita questão ergonômica e tato, com isso encontramos diversos bateristas que usam as baquetas da maneira que melhor lhes convenham, embora nem sempre seja a mais adequada e muitas destas formas são derivadas de vícios pela falta de instrução na busca do som que lhe agrada.

As classificações básicas das baquetas eram dadas inicialmente através de modelos 7A, 5A, 5B e 2B, sendo a 7A mais fina, leve e curta e crescendo nas devidas proporções aos modelos seguintes respectivamente. Aí nossos amigos engenheiros, “que não tinham muito o que fazer” (amo isso! – rsrsrs), começaram a desenvolver modelos derivados destes já citados, e também os modelos Signatures (modelos desenvolvidos sob as especificações de bateristas de renome no mercado musical que poderiam aliar o seu nome ao nome da marca para aumentar as vendas).

Além disso começaram a utilizar madeiras e materiais diversos, além das madeiras convencionais. Até então essas madeiras convencionais seriam o Hickory, Maple (Ace) e o Marfim.

O Hickory e o Marfim

São madeiras com mais “brilho” para se tocar, apresentam uma densidade média e tendências mais agudas, suas fibras são longas, porosas e mais finas conduzem as altas frequências com mais facilidade e um decay mais favoráveis aos médios.

Maple

Também chamado de Ace, carrega consigo as características mais graves, com fibras mais curtas e com uma tendência maior ao reter umidade.  

É bom lembrar que hoje em todo o mundo existem cerca de 120 espécies de maple sendo em torno de 13 só no norte dos EUA e Canadá, e mais 20 aproximadamente na Ásia, de modo superficial todas carregam consigo essas características, mas graças a manipulação no seu cultivo podem ser encontradas espécies de maple não só em baquetas mas em tambores e demais instrumentos com características divergentes, além disso estamos nos referindo a organismos vivos, que possuem vida própria e isso deve ser levado em conta.

Com o passar do tempo outras madeiras começaram a ser usadas na produção de baquetas, a fim de obter-se novos timbres e também baixar os custos de produção, como por exemplo o OAK, Bambu, Jatobá, Cedro, Jacarandá, Ébano, Etc… a infinidade de madeiras utilizada hoje é absurda, além claro das baquetas de fibra de vidro, plástico, alumínio e híbridas ( a marca AHEAD é uma das pioneiras e mais desenvolvidas na pesquisa e desenvolvimento de baquetas híbridas, a marca ficou muito conhecida por ser usada por Lars Ulrich, baterista da banda Metallica)

Processo da madeira:

Ao contrário do que muita gente pensa, não é só cortar a madeira do tamanho certo e “afinar” uma das pontas no formato de baqueta.

Existe um processo de cultivo da madeira, onde a terra é adubada com os nutrientes para que que suas fibras possam engrossar mais e/ou afinar, controlam a luminosidade que ela recebe através das estações em que são plantadas e com a geografia do local, para que suas fibras sejam mais longas ou curtas, usam o tempo certo do ano para plantá-las e depois cortá-las na época correta.

A forma com que são cortadas também influencia no som, bem como a parte do tronco usada, quanto mais para dentro do tronco mais densa será a madeira, a química usada durante a vaporização (processo onde a madeira literalmente cozinha com produtos químicos que ditam a quantidade de líquido que ela possa reter posterior a isso, fechando ou abrindo mais as suas fibras), posterior a isso a secagem da madeira e aí o processo de corte final e entalhamento e fórmica que dará a forma da madeira.

Todos esses processos são usados não só na fabricação de baquetas, mas de qualquer instrumento de madeira, ou pelo menos na grande maioria deles.

Bom, após entender o porquê sua baqueta soa como soa e de onde ela vem, vamos analisar suas formas e como as dividimos para entender melhor como o som é gerado através delas.

Partes da baqueta.  

A baqueta se divide em três partes, alguns já criaram outras partes, mas eu a divido em três partes.

Corpo (shape):

É a maior parte da baqueta, engloba dois terços da mesma, sendo que entre o 1° e o 2° terço é onde geralmente se encontra o chamado PONTO DE EQUILÍBRIO.
É onde de fato será transpassado a força do nosso movimento para a baqueta, é desse ponto onde colocamos a nossa “pinça” (parte que constituem a pegada do musicista) que começamos a construir nosso RG, nosso ENVELOPE DINÂMICO, o nosso SOM!  

Quando este ponto está mais para o 1° terço da baqueta (mais para trás e/ou início da baqueta), sobra mais corpo da baqueta para dissipar o som e a energia que impomos sobre a mesma, como a baqueta no geral é um instrumento curto, o que vai predominar é o timbre da baqueta com maior tendências nas altas frequências, além do mais você estará “secando” ela, pois ao segurar ela mais na base você perde o rebote, não dando margem para que ela responda muito, pois ao segurar mais atrás você vai ter que apertar com mais força a pinça para não derruba-la.

Quando este ponto está mais para o 2° terço da baqueta (mais para o centro) você perde força no movimento também, tendo que usar mais o seu corpo ( no caso seus braços) a tendência é termos um som com mais “punch” ataque e mais curto, acabamos extraindo mais som das peles e cascos do que da baqueta propriamente dita, como o restante da pegada está entre o 1° e 2° terço neste caso, sempre ouviremos mais graves ressoar dela, porque os agudos devido sua mão estar mais para frente, “morrem” com maior velocidade.

Quando estamos no ponto correto de equilíbrio, (e cada um tem o seu) da baqueta para com nossas mãos, vamos ter um melhor aproveitamento de som, sem fazer força e controlaremos melhor as frequências através da pinça e dos demais dedos.

Isso trocando em miúdos se chama ” Afinar no braço, na pegada!”  

Com a pinça e a pegada correta, você sabe que frequência busca e direciona a baqueta com a pegada correta, na localidade da pele, onde ao passar a vibração para o casco, te respondem com o som que você pensou. Isso meu amigo significa:  

 CONHECER O SEU INSTRUMENTO! ISSO É TER A MELHOR BATERIA DO MUNDO NA SUA MÃO, A BATERIA QUE VOCÊ É CAPAZ DE TIRAR O MELHOR SOM QUE ELA TEM! A PARTIR DA SUA BAQUETA!  

INSTRUMENTO BOM É AQUELE QUE RESPONDE AO QUE VOCÊ PENSA!

ENTÃO NÃO SEJAMOS BURROS, PENSE COM CONHECIMENTO TÉCNICO E TOQUE COM A ALMA, ENTENDA PARA SER ENTENDIDO!  

Pescoço:

O pescoço da baqueta funciona como um redutor, por exemplo, pensando em um encanamento. A água vem da rua com uma pressão até a caixa d’água e após sair da caixa d’água usamos um cano mais fino para dar mais pressão e velocidade à água.  
No caso da baqueta, seu corpo é a água da rua, o corpo da sua baqueta seriam a caixa d’água e o pescoço é essa redução que dá mais velocidade e força ao movimento, (portanto coloque água limpa para dentro deste corpo e dessa cabeça, estude aprenda coisas decentes que agregam na sua vida, ou vai entupir os canos uma hora meu amigo).

Bom, se essa redução (pescoço) for curta demais, não terá muito efeito, se for longa demais pode não aguentar a pressão do movimento e partir ao meio.

No meu caso e de alguns outros bateras que tocam com rimshots, usamos parte deste pescoço quando não todo ele para “massificar” e dar mais pressão ao som produzido, também usamos o pescoço quando necessitamos de rebote da baqueta, é na junção de pescoço e corpo da baqueta, e também do pescoço com a ponta da baqueta, que se enverga com maior facilidade para usarmos os rebotes que ela pode nos oferece.

Não existe uma regra específica, o ideal é irmos testando a ergonomia e a pegada mais confortável para se tocar, eu particularmente sempre preferi pescoços medianos ou que equivalha à 1/4 (um quarto) da baqueta com grau de inclinação médio, baquetas com um grau de inclinação mais acentuado tendem a quebrar ou lascar da cabeça para o corpo da baqueta, enquanto os médios tendem a quebrar ou lascar do entre o pescoço e o 2° terço da baqueta, o que para mim é mais fácil de sentir, e consequentemente prevenir que a baqueta se quebre no meio da música, embora isso seja absolutamente normal. Lógico isso não é uma regra e vai depender de como você toca!

Cabeça (ponta):

A ponta da baqueta é o fim de um estágio e o início de outro, A partir do momento que você pensa no som, seu corpo dá início à um movimento que será transferido para as baquetas e para os pedais, ao se dissipar para as baquetas o ponto final é o ataque contra as peles, Neste momento se inicia a transformação do movimento e energia em som propriamente dito, onde as peles atacadas pelas baquetas dão início a transferência de energia para o tambor que irá vibrar, essas vibrações formam um jogo de somas e cancelamentos dentro do tambor, que muitas das quais nosso ouvidos nem percebem.  A ponta da baqueta é o que irá massificar e canalizar toda essa energia e movimento, é a ponta que vai ditar qual a tendência dessa “massificação” se mais aguda ou mais grave, médios, se menos ou mais corpo.

Nesta imagem acima, mostro como faço a divisão da baqueta, repare que desrespeitei as regras de terço (segundo a matemática nos ensina), com a intenção de demonstrar ou “tendênciar” a sua pegada, ou onde irá a sua mão/pinça, todavia isto não é uma regra fixa, tendo sempre como base a sua anatomia corporal que é única. Portanto isso cabe à você descobrir por si mesmo, só procuro dar uma orientação à mais neste aspecto.  

Alguns tipos de ponta:   

  • Ponta Gota d’água: Possui um som mais grave, com corpo e proporciona uma boa ressonância.
  • Ponta Cilíndrica: Possui um som encorpado, forte e versátil, pois serve tanto para estúdio como para palco.
  • Ponta Oval: Possui um som seco, que pode variar entre grave e agudo, dependendo do seu diâmetro e peso.
  • Ponta Redonda: Possui brilho e definição nos pratos, porém um som mais pesado nos tambores.
  • Ponta de Flecha: Possui um som ainda mais agudo e claro nos pratos.
  • Ponta de Nylon: Possuem um som mais brilhante e definido, principalmente nos pratos, são mais duráveis do que as com pontas de madeira em questão de sonoridade, mas se tocadas com muita força e pressão arrebentam com facilidade, quando usadas corretamente marcam menos os pratos e peles.
  • Sem ponta: Sendo suas duas extremidades arredondadas. Seu som se caracteriza por ser grave e com volume bem alto, geralmente usada por percussionistas.

A gama de pontas, tamanhos e formatos de baquetas é imensa, como sempre fui um pesquisador de produtos e habituado a ler as normas técnicas de cada produto antes de comprá-los, eu usei até hoje uns 4 modelos de baquetas diferentes para tocar realmente na estrada, porém para estudar, sempre tive mais uns 2 modelos, e acredite isso é pouco. Economizei tempo, porém não dinheiro, afinal o que é bom aqui no Brasil custa caro.

O que devo lhe aconselhar é ir às lojas de instrumentos, testar vários modelos, ler muito, trocar ideias com seus amigos e professores, ver os modelos que seus músicos preferidos usam, e entender os modelos signatures.

Entendendo a sua finalidade e qual identidade sonora do músico que a baqueta mais evidencia, e montar um kit de baquetas juntamente com os outros tipos de baquetas que falarei agora.

  • Vassourinha (Brush Stick)

As baquetas vassourinhas tem várias cerdas, feitas de metal ou tipos derivados de poliuretano (plásticos), que são presas a um cabo feito de madeira, plástico ou alumínio. Em alguns modelos o cabo é revestido em borracha para maior firmeza na pegada, alguns modelos são retráteis que permitem que as cerdas sejam puxadas para dentro do corpo da baqueta ou empurradas, possibilitando que o baterista defina o comprimento das cerdas, também são boas porque garantem a proteção das cerdas após o uso, aumentando sua durabilidade.

Vassourinhas, são usadas com uma técnica um pouco diferente na qual “varremos” as peles porosas de onde extraímos o vibrato dos tambores e os sustentamos com movimentos circulares e ataques em diagonal, vertical e horizontal, algo que abordaremos com mais detalhes em outro capítulo sobre técnica. As vassourinhas podem ser classificadas como light (leve), médium (médio) ou heavy (pesado), dependendo do peso de suas cerdas.

 

  • Baqueta Acústica (Rute Stick / Tala Stick)  

A baqueta acústica é formada por várias varetas, de madeira, bambu ou nylon, que são presas fixamente em uma das extremidades. Na outra extremidade costuma haver um objeto, geralmente um elástico ou uma fita, que serve para ajustar o quão apertadas as varetas ficarão mudando então a tonalidade e o volume que a baqueta irá produzir.

Quanto mais juntas estiverem as varetas, mais aberto e potente será o som produzido pela baqueta. Quanto mais separadas elas estiverem, mais seco e com menos volume o som será. O volume da baqueta acústica não é tão baixo quanto o de uma vassourinha, mas também não é alto como o de uma baqueta tradicional. Sendo então uma boa escolha para situações onde é necessário controlar o volume da bateria, mas sem perder a pegada de uma baqueta normal. As varetas da baqueta acústica podem variar em comprimento, quantidade, diâmetro, espessura, material e peso.

  • Mallets

Os mallets são baquetas com corpo feito geralmente de madeira, que possuem pontas de diversos tamanhos, formas e materiais, cada modelo possuindo uma sonoridade diferente.

Essas pontas podem ser feitas de Lã, feltro, nylon, madeira, borracha, acrílico, pano, metal e etc.

Quando feitas em Lã, a forma com que são trançadas interferem no seu som podendo torná-las mais rígidas ou macias.

Mallets com pontas mais pesadas produzem um som mais alto do que os que possuem pontas leves, além disso pontas mais duras produzem sons mais nítidos, altos e geram mais harmônicos. As baquetas mallets são mais usadas em instrumentos de percussão, como vibrafones e tímpanos por exemplo, e sua função quando usada na bateria é criar efeitos sonoros.

O modelo de mallet mais usado na bateria é o Cartwheel (também conhecido como Soft Stick pelos bateristas americanos).

Esse modelo possui uma ponta de metal e/ou madeira enrolada em várias camadas de feltro.

Algumas dicas na hora de escolher sua baqueta:

≡ Cheque o peso das baquetas veja se são equivalentes (BALANCEAMENTO)

≡ Veja se o ponto de equilíbrio delas está no mesmo lugar em ambas as baquetas.

≡ Veja o acabamento delas (lixamento, Verniz e etc…)

≡ Veja se a madeira possui “nós” pontos em que as fibras se entrelaçam, tornando-a mais frágil. ≡ Em uma superfície plana e a mais lisa possível role a baqueta lentamente para ver se ela não está torta ou envergada (isso acontece muito no Brasil, pois as mesmas veem mal armazenadas nos contêineres e/ou transportada de maneira inadequada).

≡ Bata uma na outra como uma “Clave” e repare se o som que sai delas é o mesmo (isso indica se são do mesmo lote, local e se foram tratadas de formas equivalentes)  

≡ Profira toques de pulso, rebote e dedo em alta velocidade e veja como o pescoço e a ponta irão responder, se lhe passa segurança ao tocar com pressão e velocidade.

≡ Ao tocar rufos (rulos de toques múltiplos) se a baqueta estiver trincada ou até mesmo quebrada por dentro, você ouvirá Overtones (harmônicos de alta frequência) bem perceptíveis e incomodativos, assim como sentirá uma vibração diferente remanescente na baqueta após o toque, é bem sutil, mas muito perceptível.

 

Por ultimo deixo aqui alguns links de marcas de baquetas mais usuais e conhecidas no mercado:

Vater Percussion
Vic Firth
Promark
Regal Tip Drumsticks
Zildjian Drumsticks and Mallets
Baquetas Liverpool
C.Ibañez
Baquetas Alba
Los Cabos

Bom pessoal, espero ter ajudado a clarear as ideias e esclarecer possíveis dúvidas.

Lembre-se de questionar-se, colocar em prática tudo que absorvem e mesmo o que não concordam, para terem uma prova real de como tudo funciona no corpo de vocês e na forma de você tocar.

Música não é competição tão pouco um jogo de cartas marcadas.

No próximo artigo vamos falar sobre as peles para bateria, então, se este artigo te ajudou de alguma forma, não esqueça de compartilhar nas suas redes sociais para proliferar conhecimento com quem ainda não conhece o que você já conhece!…

Bumbo no rim e caixa no zoio! E até a próxima!

 

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