O transtorno bipolar faz parte dos transtornos de humor e de afeto, causando alterações significativas na forma como a pessoa se sente e se comporta em relação ao mundo. Essas alterações envolvem mudanças de energia, humor e percepção, sendo uma condição de origem cerebral.
O transtorno bipolar provoca oscilações entre bom humor, irritação e depressão, levando a extremos emocionais conhecidos como “surtos”. Dentro da psiquiatria, esses episódios são denominados mania (fase eufórica) e depressão (fase de baixa energia e tristeza profunda). Essas oscilações podem ocorrer com frequência e duração variáveis.
Existem diferentes tipos de transtorno bipolar, todos afetando o humor, a energia e a atividade do indivíduo.
- Episódios maníacos: Estados de extrema euforia e energia.
- Episódios depressivos: Períodos de tristeza intensa e falta de motivação.
- Hipomania: Episódios mais brandos de euforia, sem impacto tão destrutivo na vida cotidiana.
Embora não tenha cura, o transtorno bipolar pode ser controlado com medicação e acompanhamento psicológico (psicoterapia).
Causas do Transtorno Bipolar
A causa exata do transtorno bipolar ainda não é totalmente compreendida, mas estudos indicam que ele pode estar associado a diversos fatores, incluindo:
- Alterações estruturais no cérebro.
- Desequilíbrio de neurotransmissores, especialmente da dopamina, serotonina e noradrenalina.
- Desregulação hormonal.
- Fatores genéticos e hereditários.
- Influência do ambiente e experiências de vida.
Além disso, alguns fatores podem desencadear ou agravar o transtorno, como:
- Histórico familiar de transtornos psiquiátricos.
- Uso abusivo de drogas e álcool.
- Experiências traumáticas (como abuso, perdas ou traumas emocionais).
O transtorno bipolar pode se manifestar ainda na infância, mas é mais comum entre os 15 e 25 anos.
Comorbidades
O transtorno bipolar pode estar associado a diversas outras condições, incluindo:
- Transtornos alimentares.
- Transtornos de personalidade.
- Hipotireoidismo.
- Migrânea (dores de cabeça intensas, sensíveis à luz e barulho).
- Obesidade (mais frequente em mulheres com TBH).
- Transtorno de Pânico.
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
- Transtornos de Ansiedade.
Essas comorbidades podem estar presentes mesmo fora dos episódios de mania ou depressão. Em alguns casos, sintomas de outras condições podem mascarar ou ser confundidos com o transtorno bipolar, tornando essencial um diagnóstico clínico detalhado.
Diferença entre TBH e TDAH em crianças
O transtorno bipolar em crianças pode ser confundido com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). No entanto, há diferenças claras entre as duas condições:
- TDAH: A criança é sempre agitada e apresenta dificuldade de concentração.
- TBH: A criança tem períodos cíclicos, alternando entre isolamento e euforia extrema.
Outras diferenças incluem:
Sintoma | Criança com TDAH | Criança com TBH |
---|---|---|
Sono | Dorme mal, mas sente muito sono | Fica acordada até tarde e se mantém ativa |
Irritabilidade | Fica irritada por algo específico (ex.: ser contrariada) | Fica irritada sem motivo claro, podendo acordar já nesse estado |
Comportamento social | Pode ser impulsiva, mas sem grandes oscilações emocionais | Pode demonstrar ciúmes, impulsividade e busca por controle |
Sexualidade | Desenvolvimento normal | Interesse precoce em se vestir e agir como adulto |
Intervenção através da Bateria e Percussão no Transtorno Bipolar
O transtorno bipolar não tem cura, mas o tratamento busca reduzir a intensidade e frequência dos episódios, evitando a necessidade de hospitalizações e ajudando a pessoa a lidar melhor com as oscilações emocionais.
A intervenção com bateria e percussão atua como um recurso complementar à psicoterapia, utilizando abordagens da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e da Psicopedagogia.
Através da música, o aluno será incentivado a:
- Reconhecer os momentos de mania e depressão.
- Lidar melhor com suas emoções.
- Desenvolver autoconhecimento e autocontrole.
A ideia é trazer, de maneira descontraída e bem-humorada, sensações de experiências passadas, ajudando o aluno a enxergar os episódios de maneira mais racional e menos carregada emocionalmente.
O próximo passo é transferir essas emoções para a prática musical, permitindo que o aluno:
- Expresse seus sentimentos no ritmo e na intensidade da bateria.
- Converta suas emoções em ações físicas, promovendo alívio e equilíbrio emocional.
- Estimule áreas do cérebro responsáveis pela regulação emocional.
A prática regular ajuda a transferir o processamento emocional do cérebro límbico para o cérebro reptiliano, responsável pelas funções básicas do corpo. Isso gera uma estabilidade química e hormonal ao longo do tempo.
Além disso, a bateria é uma atividade física e rítmica, o que auxilia na produção de serotonina e dopamina, hormônios essenciais para a sensação de bem-estar.
Impactos da Música na Regulação Emocional
Com a prática contínua da bateria e percussão, o aluno começa a:
- Reconhecer sinais de crises emocionais antes que elas aconteçam.
- Controlar suas reações e buscar suporte quando necessário.
- Aprender a expressar sentimentos sem vergonha ou constrangimento.
A música se torna uma válvula de escape, permitindo que o aluno canalize suas emoções até que consiga desenvolver um maior controle emocional.
Esse processo cria um ciclo virtuoso, onde o aluno:
- Expande seus limites emocionais e físicos.
- Desenvolve sua interpretação musical e coordenação motora.
- Ganha mais autonomia e consciência sobre suas emoções.
Conclusão
A bateria e percussão podem ser grandes aliadas no tratamento do transtorno bipolar, funcionando como um complemento ao acompanhamento médico e terapêutico.
Através da música, o aluno pode:
- Reduzir a intensidade das oscilações de humor.
- Melhorar sua capacidade de autorregulação emocional.
- Ganhar mais consciência sobre seu estado emocional e agir preventivamente.
Com um método estruturado e respeitando os limites do aluno, a música se torna uma ferramenta poderosa para o equilíbrio emocional e bem-estar.