Continuando nossos artigos em busca da sonoridade dos sonhos, ainda se tratando do casco do tambor mais dois fatores serão importantes no resultado da afinação Espessura do tambor e a borda e/ou corte do tambor.
Espessura:
No geral quanto mais grosso é o tambor maior a concentração de massa e maior a quantidade de vibração (frequências), retidas dentro do espaço cilíndrico, que o tambor cria junto com a pele e o aro, portanto ele terá um volume de ataque maior e sua tendência será sempre nas altas frequências, ou seja, terá uma tendência maior nos agudos.
Quanto mais fino o casco, mais o tambor ira vibrar e mais vamos sentir a tendência da madeira. Aí vale a regra do tipo da madeira, se pende mais para o grave ou agudo, isso vai ditar o “andar da carruagem” pra que lado o tambor vai vibrar mais.
Bordas:
As bordas do casco influenciam muito principalmente no corpo do instrumento que abrange mais o Delay e Decay dentro do envelope dinâmico. Uma borda arredondada ou abaulada irá proporcionar frequências mais graves pois seu contato com a pele será maior, recebendo mais vibrações da pele e respondendo ao casco consequentemente.
Por outro lado, bordas com ângulos de cortes mais inclinados (40°, 45°) nos casos mais extremos teriam menos contato com a pele e passaram as frequências altas, que atingem primeiro a pele, consequentemente teremos um tambor com mais agudos e propício às afinações mais altas.
Então agora usando o “tico e teco” (vulgo cérebro), bem alimentados com essas informações eu posso E VOCÊ TAMBÉM, entender que!!! …
Se eu tiver um tom-tom de 10″ x 08″ (diâmetro x Profundidade) Ele naturalmente é um tambor mais agudo, porém se ele tiver um casco mais grosso, ele terá mais agudos ainda, e se ele tiver as bordas do casco cortadas à 45° “ele vai cantar feito um canarinho”, e se você não souber entender isso e achar esse “ponto doce” ele vai cantar feito uma criança de 2 meses chorando para mamar! ou seja, vai sair um som muito desafinado. Então meu querido(a), “cuida bem da criança”!
Já por outro lado, se você tiver o mesmo tambor com casco mediano (4 a 6 folhas) de uma madeira com tendências mais graves (maple) ou mesmo uma mistura de madeiras como por exemplo Araucária e copaíba ou Maple e Birch com a borda do tambor arredondada seja somente a borda do tambor de baixo (resposta) ou ambas (batedeira e resposta).
Você terá um tambor naturalmente agudo pelo seu tamanho pequeno, com um casco mais equilibrado, conseguindo atingir frequências mais graves, e naturalmente os agudos que já existem nele (até porque ele é um casco fino e vai vibrar mais), e aí teremos um tambor com uma gama acústica maior e um envelope dinâmico mais abrangente que podem lhe ajudar em várias situações musicais.
Está percebendo quanta coisa para se calcular somente no casco!?
Só aí você já elimina muitos problemas do dia a dia, aí você me pergunta!
“- Mas a minha bateria é boa?”
Sim, sua bateria será boa, na verdade, será a melhor do mundo se você começar a ver esses detalhes e usá-los a seu favor!
Pois o melhor equipamento, é aquele que você conhece sabe de suas limitações e qualidades, e consegue através do estudo e entendimento técnico usá-lo da melhor maneira possível.
RESPEITE, RESPEITE E RESPEITE O TAMBOR QUE ESTÁ A SUA FRENTE! ELE TEM VIDA, TEM UMA “ALMA” ESPERANDO VOCÊ TOCÁ-LA, PARA ELA FALAR COM VOCÊ E COM QUEM QUISER OUVIR! RESPEITE SEU TAMBOR SEMPRE!
DICAS IMPORTANTES: Sempre veja se as bordas ou até mesmo o casco do tambor não tem imperfeições, amassados, trincas ou até mesmo se não está torto ou empenado. Coloque seu casco em uma superfície lisa de granito e/ou vidro, em seguida com uma lanterna ligada coloque-a dentro do tambor e veja se a luz não está “vazando”, ai já é um indicativo de que seu tambor está com imperfeições na borda, isso pode fazer você “estragar” o som dos outros tambores, porque terá de fazer uma correção sonora nos outros tambores, colocando fitas, panos e quaisquer outras coisas a fim de nivelar o som com o tambor defeituoso.
A música é feita de somas (sons) e cancelamentos (silêncio), esses vazamentos derivados desses problemas já citados, vão gerar somas como: sobra de um agudo ou grave indesejável, vibrações no casco que irão incomodar, principalmente em gravações e cancelamentos de frequências que vão “matar” o som do seu tambor, fazendo ele perder o que seria uma característica boa do seu envelope dinâmico.
Portanto repare nisso e se você está na estrada ou tocando com muita frequência é bom a cada 6 meses levar seu equipamento para um luthier averiguar e fazer os devidos reparos.
Por último, quero deixar aqui um link onde mostra o que foi dito de forma prática e aplicável, já englobando o conceito do Mix de Madeiras, usados na construção do casco da bateria:
https://pearldrum.com/products/kits/drumsets/reference/#shell
Por hora é isso pessoal, este foi mais uma dica ruma a afinação perfeita para o seu tipo de som! No próximo artigo vamos falar sobres os aros e sua importância na afinação!
Bons estudos! Bumbo no Rim e Caixa no Zoio!