A depressão é uma alteração no estado de humor, uma síndrome psiquiátrica que causa distúrbios afetivos, cognitivos e psicomotores.
Dentro dessa definição, tomo a liberdade de falar dessa doença de forma pessoal, pois já passei por ela. Embora a depressão não possa ser tratada de forma genérica, sinto que, após tanto estudo e convivência com a doença, estou apto a abordá-la não do ponto de vista médico, mas como alguém que viveu essa experiência.
A depressão pode ser exógena, endógena ou psíquica, ou ser resultado da combinação desses fatores.
Exógena
Significa que provém de fora para dentro, ou seja, é causada por fatores ambientais, como estresse, circunstâncias adversas, problemas profissionais ou familiares, momentos de perda ou ruptura, entre outros. Trata-se de uma depressão causada essencialmente por fatores externos.
Endógena
Está relacionada a fatores internos, biológicos ou de predisposição hereditária. Nesses casos, não há uma relação direta entre os momentos vividos e os episódios depressivos, pois a causa é fundamentalmente biológica.
Psíquica
Nesse caso, a depressão está ligada a uma disfunção na produção de serotonina, noradrenalina e dopamina, substâncias essenciais para o equilíbrio emocional.
A depressão psíquica pode ser causada por insatisfação, conflitos internos ou externos, frustrações, culpa, vergonha, medo e falta de amor próprio ou por outras pessoas. O ambiente social e cultural onde a pessoa vive também pode contribuir para esse quadro.
Atualmente, alguns médicos abordam a depressão como uma condição que vai além do físico e do mental, incluindo também o aspecto espiritual. Essa abordagem a classifica como uma doença EPNÉRGICA.
Visto dessa forma, entende-se que a depressão está relacionada à forma como a pessoa pensa, sente e absorve energia (Pensene: Pensamento, Sentimento e Energia). Por isso, é essencial avaliar esses três pilares no aluno e entender como podemos restabelecer o equilíbrio entre eles.
Tratamento
A abordagem da depressão deve considerar três aspectos fundamentais:
- Medicamentoso: Deve ser conduzido e acompanhado por um médico especialista.
- Alimentação: Pode ser orientada por um profissional competente, geralmente com suplementação de nutrientes como Ômega 3, B3 e D3.
- Condicionamento físico: O exercício ajuda a equilibrar e distribuir melhor hormônios como dopamina e serotonina, essenciais para a estabilidade emocional.
- Terapia: Qualquer tipo de terapia auxilia no processo de reconhecimento e enfrentamento dos sentimentos que causam a depressão.
Comorbidades
A depressão pode gerar ou estar associada a diversos sintomas e condições, como:
- Processos obsessivos.
- Irritabilidade.
- Vícios.
- Fadiga.
- Diminuição do apetite.
- Dores físicas.
- Alterações do sono.
- Perda ou aumento de peso.
Além disso, a depressão pode ser uma comorbidade de outras doenças, como o Mal de Parkinson, tornando essencial a análise cuidadosa desses fatores para um tratamento eficaz.
Intervenção através da Bateria e Percussão na Depressão
A depressão é um distúrbio grave que, muitas vezes, torna a pessoa introspectiva e resistente a falar sobre o assunto. Além disso, pode levar ao desenvolvimento de uma dependência emocional da própria doença, onde a pessoa não consegue se imaginar vivendo fora desse quadro.
O primeiro passo na intervenção através da bateria e percussão é criar um vínculo emocional com o aluno. É necessário se aproximar de forma sutil, respeitando o ritmo dele e usando elementos familiares para construir essa conexão. O objetivo inicial é fazer com que ele perceba que não precisa lidar com esse peso sozinho.
Esse processo deve ser conduzido de maneira natural e empática. Em média, após 3 a 10 aulas, o aluno começa a se abrir, pois percebe que suas dores e aflições são normais e que é possível enfrentá-las. Esse é um passo essencial para o resgate da autoconfiança e do amor próprio.
A partir daí, ele é incentivado a desenvolver novos alicerces emocionais por meio da música. O aluno aprende a controlar seu estado cognitivo e a lidar com situações de estresse físico ou emocional de maneira positiva e divertida.
Esse processo também ajuda o aluno a “perder o escrúpulo consigo mesmo”, ou seja, a enxergar erros como oportunidades de aprendizado, sempre com bom humor. Dessa forma, impõe-se a responsabilidade sem peso emocional, tornando o aprendizado mais leve e positivo.
Como a bateria auxilia no tratamento
Durante as aulas, as emoções do aluno são transferidas para a prática musical. Exercícios físicos com o instrumento ajudam a reequilibrar hormônios essenciais para o bem-estar, como dopamina e serotonina. Esse processo é reforçado pelo acompanhamento nutricional, pois a alimentação adequada desempenha um papel fundamental na estabilização emocional.
Com o tempo, após a construção de novos pensamentos e desafios, fortalecimento físico e emocional, o aluno começa a expor suas emoções espontaneamente. Esse é o momento em que ele se sente pronto para entender melhor a si mesmo e lidar com seus sentimentos, seja os deixando no passado ou enfrentando-os no presente.
No entanto, esse processo deve ocorrer no tempo do aluno. Muitas vezes, questões mais profundas requerem apoio familiar, e a comunicação com os pais e responsáveis é essencial. É importante abordar esses temas de maneira sutil, sem pressionar o aluno antes que ele esteja preparado.
O papel da psicoterapia
O acompanhamento psicoterapêutico pode ser realizado junto às aulas de bateria e percussão. Dependendo da gravidade da depressão, essa abordagem combinada pode ser fundamental para a recuperação do aluno.
Em alguns momentos, é necessário aplicar “choques de realidade”, mas isso deve ser feito de maneira estratégica. Inicialmente, o aluno pode ser exposto a exemplos que não estejam diretamente ligados à sua experiência pessoal. Com o tempo, ele mesmo fará a conexão e, nesse momento, será incentivado a lidar com isso da forma mais positiva possível.
Uma das abordagens mais eficazes é terminar todas as conversas e reflexões com reforços positivos e amorosos. Muitas vezes, o aluno não precisa ouvir um conselho ou uma solução imediata. Ele só precisa ouvir:
“Eu entendo você, e estou do seu lado!”
Conclusão
Durante todo esse processo, materiais complementares podem ser fornecidos ao aluno como forma de incentivo e pesquisa, permitindo que ele se conheça melhor. O objetivo é que ele compreenda que a evolução é um processo contínuo.
A música, a bateria e a percussão tornam esse processo mais leve, promovendo o equilíbrio mental, físico e emocional.
Em média, nos primeiros 3 meses, já é possível observar mudanças na percepção do aluno em relação a si mesmo, ao ambiente e à própria depressão.
Se necessário, a psicoterapia deve ser realizada paralelamente às aulas de bateria, garantindo que o aluno consiga processar todas essas informações e sentimentos de forma saudável.