O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é um transtorno neuropsiquiátrico classificado como transtorno de comportamento disruptivo.
Disrupção, neste caso, significa comportamento externalizante negativo, tanto para quem provoca quanto para quem recebe as ações deste comportamento.
É um transtorno que atinge cerca de 6% das crianças e adolescentes no Brasil, ou seja, é um transtorno relativamente comum, que abrange quase a mesma média que outros transtornos como o TDAH, por exemplo.
O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é comumente confundido com a chamada “birra ou manha”. No entanto, precisamos saber diferenciar, pois esse comportamento de birra ocorre quando a criança não sabe se expressar direito e geralmente acontece entre 1 e 4 anos de vida, sendo mais forte até os 2,5 anos. Trata-se de um comportamento passageiro que a criança utiliza para obter algo que deseja naquele momento.
O TOD é um comportamento persistente que abrange crianças maiores (a partir dos 6 anos, em média, mas há exceções) e adolescentes, que já entendem questões de regras e hierarquias, apresentando padrões comportamentais como:
Transgressão:
Tem dificuldade ou não aceita regras sem escrúpulos e sem se sentir constrangida por isso.
Oposição:
Tende a tomar decisões contrárias às esperadas, mesmo sem argumentos.
Discussão:
Tem tendência a discutir e brigar deliberadamente sem motivos, apenas para impor sua razão.
Descontar:
Possui hábitos vingativos, colocando-se em posição de vítima para criar motivos para revidar o que considera um ataque. Em alguns momentos, não se preocupa se sua atitude pode magoar ou ofender o outro.
Irresponsabilidade:
Mesmo cometendo erros, magoando ou ofendendo, recusa-se a reconhecer seus atos. Não assume que cometeu determinado erro ou culpa outras pessoas por suas ações, mesmo quando há provas do contrário.
Soluções agressivas:
Quando deseja algo, age de forma brusca e agressiva, tendo explosões súbitas de humor.
Não se preocupa com punições:
Não mede consequências para alcançar o que deseja. Em adultos, isso pode levar a envolvimento com grupos inadequados na sociedade, podendo evoluir para delinquência e marginalidade.
Comorbidades
O TOD é comumente associado ao TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), Autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA) e Transtorno Bipolar.
Por ser um distúrbio comportamental, seu tratamento envolve medicamentos controladores de humor, terapia de manejo parental e apoio escolar.
Intervenção através da Bateria e/ou Percussão no Transtorno Opositivo Desafiador (TOD)
A Intervenção através da Bateria e/ou Percussão no TOD e da música de modo geral atua como uma ponte entre a terapia de manejo parental e o apoio escolar.
Após um levantamento detalhado do quadro do aluno em conjunto com a família, identificando falhas ou interrupções na comunicação, o trabalho emocional ocorre por meio da música. O objetivo é ajudá-lo a lidar com suas emoções e frustrações, introduzindo gradualmente noções e valores de respeito e hierarquia familiar, facilitando a comunicação com a família.
Através da Bateria e/ou Percussão no TOD, o aluno pode expressar sentimentos de contrariedade, raiva e revolta, combinando essa atividade com seu gosto musical e utilizando frequências que o ajudem a extravasar essas emoções.
Com o envolvimento da parte motora e física exigida pela bateria, o aluno consegue descarregar sua energia no instrumento sem se agredir ou ofender ninguém. Durante a aula, são feitos questionamentos para estimular a reflexão, e ao final são retomados para que o aluno continue refletindo em casa. Esse desafio ocorre de forma pacífica e amorosa, garantindo que o aluno saia da aula com leveza, e não com peso ou obrigação.
Cinco alicerces orientam essa abordagem para que a aula seja saudável e pacífica:
- O elogio: Sempre que o aluno superar um desafio musical ou reconhecer um erro cometido.
- O diálogo: Deixar o aluno expor seu ponto de vista até que se veja esgotado de argumentos e possa ouvir o professor.
- O exemplo: Adotar uma postura aberta, hierárquica, mas ao mesmo tempo amorosa.
- A recompensa: Definida em comum acordo com o aluno, para que ele veja valor e tenha vontade de conquistá-la.
- A amizade: Criar um vínculo de confiança com o aluno, permitindo que ele se abra e exponha fatores que possam ser trabalhados em conjunto com a família.
A Intervenção através da Bateria e Percussão no TOD é um processo lento, que depende do nível de agressividade e receptividade do aluno, bem como de sua disposição para essa troca de amizade e reciprocidade entre professor e aluno. Resultados significativos são mais perceptíveis no decorrer de um ou dois anos.